(Nolan:)

Eu, praticamente, me prometi que não escreveria mais aqui.
Eu me tornei uma pessoa chata, cheia de sentimentalismo barato e linhas vazias que separam paragrafos.

Eu nunca fui, propriamente, conceitual.
Eu quando tentei ser só pareci bobo.

Eu tenho sentido, com força, que tudo escorreu pelos meus dedos.
É a sensação do fim do ano. Dessa passagem.
Como se a vida tivesse passado em rotação acelerada.
"Eu sou espiritualmente velho.
Sinto que vivi muito tempo."
"É como se viver não fosse mais novidade"

Eu sinto uma vontade de dormir pra sempre.
Tenho sentido muito.
Não é morrer e deixar todos lamentando.
É só dormir.

(* - Alguém acaba de ligar.
Quando atendi, desligou.
- São 3 da manhã.
Me deu medo.

Dizem que andam arrombando casas.
Como dizem que estão sempre matando um monte de viados.
Como dizem que tem uma kombi que sequestra pessoas.)

É algum tipo de crise.
Uma crise da meia idade precoce.
Eu penso que talvez eu devesse ser mais interessante, mas comunicativo.

Eu sou carente.
Eu já devo ter dito isso aqui varias vezes.
As vezes sinto vontade de sumir só pra não precisar mais de nada.

Sempre pensei que morreria/morrerei cedo.
Um prazo de vida. É disso que todos precisam.
Saber até onde aproveitar, até onde ser você mesmo.

Se eu tivesse só uma semana de vida eu não precisaria fingir nada.
Eu não precisaria ser ninguém.
Poderia entrar na escola e metralhar os professores.
Eu poderia ser uma diva ou um martir.

Uma vida simples é sempre cercada de rancor.
Pra alguém que "pode tudo", não atingir seu objetivo pode ser a morte.

É o paradoxo da vida.
Essa vida que muda nessa virada.
Onde as pessoas procuram seus erros.
E pensam que poderiam ter cometido menos.
Eu penso que poderia ter cometido mais.
Eu poderia ter errado tudo.

Eu devo ser naturalmente melo-dramatico.